quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Fé e amor



Que tipo de apaixonado sou para pensar tanto nas minhas aflições e tão pouco nas dela? Até mesmo o grito desesperado "Volte!" é por minha causa. Nunca questionei se sua volta, quer fosse possível, seria boa para ela. Quero-a de volta como um elemento imprescindível na restauração do meu passado. Será que eu poderia ter-lhe desejado algo pior? Passar pela morte, voltar e, depois, em um momento posterior, passar por toda a agonia novamente? Chamam a Estêvão o primeiro mártir. Teria Lázaro recebido um tratamento injusto?
Agora começo a entender. Meu amor por H. tinha em grande parte a mesma natureza de minha fé em Deus. Não vou exagerar, no entanto. Se houve algo além da imaginação na fé, ou algo exceto o egoísmo no amor, Deus sabe. Eu não. Poderia ter havido um pouco mais; principalmente em meu amor por H. Nenhuma das duas coisas, porém, era a que eu acreditava que fosse. Uma rodada perfeita de castelos de carta em ambos os casos.

(Lewis, C.S. A anatomia de uma dor)

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Filosofe:

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